As recentes atualizações no WhatsApp levantam preocupações sobre a disseminação de desinformação nas eleições de 2024. Especialistas destacam riscos e clamam por medidas claras
Na última quarta-feira (17), o WhatsApp divulgou melhorias em suas funcionalidades, levantando preocupações entre especialistas consultados pela Folha sobre a potencial facilitação na propagação de desinformação durante as eleições de 2024.
A plataforma introduziu novas características à ferramenta que possibilita o envio unidirecional para um número ilimitado de usuários. Agora, os administradores de canais podem designar até 16 membros e aproveitar novos recursos, incluindo mensagens de voz, enquetes e compartilhamento de cards no status, semelhante aos stories do Instagram.
Os canais com membros ilimitados foram lançados no Brasil em setembro de 2023.
Em geral, os especialistas ouvidos pela reportagem expressaram preocupação sobre os mecanismos que a empresa pretende empregar para conter a disseminação de notícias falsas e deepfakes, dada a falta de clareza associada aos novos recursos disponíveis.
Pedro Gueiros, pesquisador de direito e tecnologia no ITS (Instituto Tecnologia e Sociedade) do Rio de Janeiro, reconhece os benefícios das melhorias para uma comunicação responsável, mas alerta que também podem ampliar a desinformação, especialmente em períodos eleitorais.
Ele ressalta a inevitabilidade da sofisticação tecnológica, mas enfatiza a necessidade de reforçar mecanismos que ajudem as pessoas a discernir a confiabilidade das notícias.
Rafael Viola, professor de direito civil e tecnologia no Ibmec do Rio de Janeiro, questiona a falta de clareza nos mecanismos de controle do WhatsApp para conter a desinformação.
Ele destaca a urgência de regulamentações mais abrangentes para evitar interferências no debate democrático causadas pela circulação de notícias falsas, sem cair em censura prévia, proibida pela legislação brasileira.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem manifestado preocupação com a propagação de fake news nas redes sociais em relação às eleições municipais de 2024. O avanço tecnológico em 2023 tornou mais acessível a criação de deepfakes por meio de inteligência artificial.
Uma minuta de resolução sobre propaganda eleitoral, que aborda o uso de tecnologia para manipulação de conteúdos, será discutida em audiência pública no dia 25. O Projeto de Lei das Fake News, que estabelece normas de transparência para redes sociais, está parado na Câmara dos Deputados.
Ana Bárbara Gomes, diretora do Iris (Instituto de Referência em Internet e Sociedade), destaca que as mudanças recentes no WhatsApp podem fortalecer grupos com intenção de disseminar desinformação, mas também oferecer utilidade na verificação de notícias falsas.
Ela ressalta o peso do aplicativo em um cenário onde grande parte dos brasileiros tem acesso limitado à internet e destaca a importância de regulamentações cuidadosas.
A Meta, proprietária do WhatsApp, foi questionada sobre as mudanças divulgadas, e em nota, afirmou estar trabalhando com verificadores de fatos para fornecer informações precisas sobre notícias falsas. Além disso, destacou a escolha e controle dos usuários sobre os canais que seguem, incentivando a verificação de fatos em fontes confiáveis e mencionou ferramentas que limitam o encaminhamento de atualizações. Acrescentou ainda sua cooperação com autoridades locais, incluindo o TSE, em conformidade com a legislação brasileira.
Marcelo Silveira | 39 anos | Administrador de Empresas com ênfase em Sistema de Informação . Desenvolvedor de Ilhéus.com.br | Itabuna.com.br
Criador do Sistema de Indexação de Conteúdo do PROJETO ILHÉUS 500 ANOS
E-Mail: marcelo@ilheus.com.br